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Dom, Jun

destaques
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Da queda ou da perda

do horizonte se faz o poema

da melancolia da lua também

e de algo de náusea ou réstia de luz

da curva da imagem profunda

do teto de silêncio dos pássaros

de narcisos despenados

e desnorteados ulisses

se faz o poema página a página (alma a alma)

do olhar infinitamente pedra

e de espelho cegos ou sepultos

como portos se faz o poema.

 

Da graça da morte

e de obscura esperança

sai o poema.

 

Se desses algo ou descesses

todos os sentidos, então...

a decomposição do gozo se cumpriria

até que esvanecesse toda a distância

e a drástica infinitude se proclamasse

se não existisse no velho inferno

nenhuma estação, então

o que seria do poeta?

 

É a noite atravessada ou ferida

por velozes meditações?

E frases de lata (ou de lua) aos montes

enchendo contêineres de poemas?

 

E o silício, a lonjura, o vanádio

a mostarda, o amianto, a ternura, o asbesto

as saliência do sal e noites de alumínio

os dias de náusea e anos de césio?

Murilo Gun

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