VCA
Na poesia absoluta, distinguimos detidamente a simplicidade da complexidade.
Complexo tem enjem no latim complexus, o que é tecido em conjunto, como uma tapeçaria. Conjunto de palavras heterogêneas inseparavelmente associadas, contraditoriamente integradas, a modo de fragmentos íntegros, gerando o novo e paradoxal texto (poético ou não), de sentido uno e múltiplo de significado simultâneo e sucessivo!
O poema complexo é constituído por número infindável de unidades de sentido (e dessentidos). E fruto de uma interação inumerável de sentido caóticos e enerantiados, de complexa compreensão, ou mesmo de sentido insolúvel. Ou seja, de difícil compreensão ou complexo entendimento. Jamais reduzável a fórmulas únicas, favas, contadas produto de cálculos (contábeis, digitais). Verdadeiro caos matemático-lírico.
O paradigma poético reinante no Brasil nos treinou para perceber, no poema, o caminho mais fácil – e claro – do entendimento. A percepção poética simplificada. Lógica sobretudo, fácil. E a predominância desse paradigma conservado dificulta perceber, captar, pensar a complexidade. O que é assustador.
O paradigma da simplificação é um atraso, um peso morto, que enterra a poesia brasileira.