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Dom, Jun

destaques
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Um crepúsculo meio imáculo

pendurado numa a tarde cansada

de dentro do poema noturno.

 

Então o olhar nipônico me acendeu.

 Cinzas de tristezas brancas.

 

Ourives do verso lavorado restam muitos.

Às formas da palavra que me imaginem.

 

Ao titã de Idaho.

Ezra máximo.

 

É bom passar o poema pela imaginação

antes de pô-lo a papel.

 

Arte mutável da palavra poesia.

Cada poema é novo... e novidade.

 

A arte da palavra tende a ser consciente dela mesma.

Forma do ritmo. E do tempo.

 

É preciso continuar a ler Pound

para a poesia não morrer.

 

À perda inconsolável do tempo.

 

Rima de mármore engessa

e, se quebra o verso, rompe o nariz do poeta.

 

Há solidão sem o verbo.

 

Tales a olhar estrelas do céu de Mileto

caiu num poço e quebrou a pança.

 

Homens cansados na noite impotente

a buscar estrelas descalças.

 

Multidões sonâmbulas e sozinhas

sem poesia vagam como espectros

sem a alma da palavra

ou verbo a seguir.

 

Homens expulsos das calçadas

longe das estrelas de pijamas

envelhecidos de olhos menstruados.

 

Nada ilude o galope.

 

O poema transporta o sentido para si, egoicamente.

 

Outro mar absoluto

e a onda da palavra

e a rebeldia do verbo.

 

O caos une, agrupa, integra, compõe

o caos nu veste o rumo do homem.

                                (de Aporias azuis e outras)

 

Hino profano, uivo sonâmbulo

profundo grito vindo da pele

antena do eu desmontada pelo outro

ouro espaço pânico, reino vândalo.

Rebanho de nuvem arrodeando o céu

soa a lua entre bois de estrelas.

Pelas estradas do cosmo se alonga

matilha de brilho.

 

Murilo Gun

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