03
Dom, Ago

Poemas
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Vital Corrêa de Araújo

Há uma licor de palavras

cheio de lumes e seivas

repleto de olhos de estrelas

num cálice azul dormindo

capitoso e iluminado

poema waldemarino

 

 

que incita oceanos rápidos

alumia almas e escuros

dessedenta céus e pedras

e lança nos rostos breves

coivaras, longos desvelos

tornando o leitor parceiro

de belezas indomáveis

escavadas no silêncio

do poema bem lapidado

com cinzéis do imaginário

e buris do encantatório.

 

 

Waldermar as realezas

ilusórias menospreza

mas com astúcias recupera

(da Ítaca beneditina)

os doces arsenais da infância

supridos com as escamas

dos cardumes nos jiquis

donde se derramam sons

de sonetos submersos

magistrados da palavra

imperadores do tempo.

 

 

Vize o sonho (e a magia)

no átrio da Arthur Muniz, sacro

relicário de amigos

do imenso poeta maior

onde o reino da palavra

novel rei vai dilatando

a quila e o empório do verbo

 

 

Dos sábados debicados

quantos poemas Ele espalha

como se fossem lentilhas

aos canários canoros

da transubstância adeptos

hieráticos, atentos

ao sacerdote supremo

(Dom Waldemar Freire Lopes)

que os canteiros da palavra

semeia, oferta, arroteia

corpo e espírito em amálgama

sacramenta, sulca, crava

o verbo e a rima na página

da alma onde avulta e germina

a árvore do soneto

(o pássaro da palavra).

 

 

Eis que sinto Waldemar

alcandorado de amigos

num dos sábados do Atlântico

da távola cavaleiro

par e líder literário

no torneio do soneto

onde Iraci é rainha

e a poesia prêmio avaro.

 

 

Nos altos prélios sabáticos

do reino de Waldemar

Lopes de loas e pés

anapésticos ou trocaicos

espondéicos ou iâmbicos

o assunto ou norte é o soneto

liça do bom decassílabo

na segunda e sexta e décima acentuados sem artifício

em torno da mesa o poema

mediado pelo espírito

do álcool ou do ótimo litígio

em volta do qual peleia

vasta hoste de amigos

nas assembléias do verbo

que reumaniza vidas

e traz Deus para tão perto

que entre as letras de um soneto

de Waldemar Lopes sente-se

das criaturas da palavra

o alento do Criador junto.

 

 

É da noite de teus olhos

que nua nasce a claridade

Waldemar Lopes e a treva

como círio consumida

todo o escuro debelado

as nascentes ressurrectas

enchem da luz da palavra

os odres de odes supremas

as crateras dos sonetos

as taças das elegias

cálices de redondilhas

e vasos de ditirambos.

 

 

Ler Waldemar é sentir

os regozijos do corpo

os entusiasmos da alma

lantejoulas de silêncio

rendilhados da beleza

e acima de tudo ver

lépido rouxinol voar

dentre as folhas de seus livros

para junto de Iraci

voltar a beber idílios.

 

Murilo Gun

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