Escombros azuis colho
dos arrecifes escolho o rosto da página
a cor da indumentária marinha das algas
Escombros azuis colho
dos arrecifes escolho o rosto da página
a cor da indumentária marinha das algas
gestos, ações ou encantos do corpo
poetizam-se palavras
(martírio mineral)
Vi os adornos do martírio
rubis da dor soando no silêncio triste
Deixa esse jogo ambíguo
coração não é bola
nem amor sinuca
A cisão desvela vísceras.
À ruína de bispos ao cubo.
Para a morte acerbo passo não basta
nem tralhas de luz ofusca essa senhora amara
A distância oprime o sonho
incendeia desejo destroços do amor
as escórias da ira são prósperas
Rogério Generoso já demonstrou em Noumenon, mesmo sendo apenas sua primeira recolha de poemas para estampa, a capacidade de produzir uma poesia cujo alcance vá além do âmbito da realidade comezinha, do cotidiano repetitivo e igual tédio, da banalidade temática superficial apenas com ares de profundidade.
Do amor ao escárnio
há um passo
dana-se o dardo
A ilusão tem garras (e dura como podre)
seus dentes são fundos (afiados como a náusea)
quimera astuta e faminta me espera