O poeta não participa da representação. (meio da literatura) como indivíduo privado, pessoa física, mas como inteligência, portanto como operador da linguagem, fazedor, não espectador.
O máximo de abstração (a que deva a concisão vital ao poema) e esvaziamento de sentido (esperado), vazio semântico do texto poético é interpretado por Umberto Eco como o máximo de liberdade concedida ao leitor, parte integrante e legitima do poema – que assim exerce função criativa na poesia (e não passivamente, como mero papagaio).
A imaginação do leitor preenche o vazio aparente (ausência de sentido) do texto. A imaginação do leitor deve ser tão viva quanto a do poeta.
Elaborar (estruturar) uma linguagem especial, diferente, autônoma, que se distancie (revista-se de personalidade, singularize-se) da linguagem instrumental, ordinária, comunicativa, automatizada: para dizer algo como finalidade, e não o como dizê-lo, modo do poético.
Algo que force a linguagem poética sempre para aquém ou além da comunicação social predominante (existente e conservadora), rumo à utopia ou ao silêncio.