02
Sáb, Ago

destaques
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A ilusão tem garras (e dura como podre)
seus dentes são fundos (afiados como a náusea)
quimera astuta e faminta me espera
construída de louça cega (e censura longa)


que à louca alma engana, embora
a dor do logro não supere
a mais amara ainda dor do sentimento vazio.

(A súcia da esperança não me ampara).

II

Que estranho licor boca destila
que estrelas vêm bebê-lo todo 
iluminadas de teus olhos
amasiadas de teus seios

que néctar tão forte
tua carne deflagra
exala teu seio inocente
tão ereto aroma
que meus pelos se eriçam
e o desejo me morde
apenas te cerceia a alma.

Rubor que bebo advém
da carícia que fiz
sem querer
numa assustada manhã
em que os corpos se viram
sob fulgurante estandarte de pássaros?

E foi vinho da pele ou ardor do lábio
sabor que subiu.... e lambi (como rubor).

E todos os desejos se alongam (inaplacáveis)
ao galope de teus pelos
ao aroma de teu nome.

A teu olhar que empalidece estrelas
urde assassinas candeias
lumes cega e empobrece manhãs

a teu olhar aurora e lâmpada
do meu mundo (escuro e antigo)

que é voo da pupila e certeza de queda

a teu olhar a fulgir 
do meu ignoto rosto

que é fulgor e pássaro
(de onde unjo néctar da renúncia)

trago de mágoa
veneno de alegria (de ver teu olhar)

 

 

Murilo Gun

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