02
Sáb, Ago

destaques
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Pátio são lugares esplêndidos geralmente dominicais
sítios geométricos e lageados marcados
por construções servis que o rodeiam
edifícios que os desenham, contornam, sonham


elaboram, compõem, perimetram
alicerçam, cercam, substanciam
encilham (cavalos imóveis de pedra cantada, haras brancas).

Das vísceras severas dos pátios nascem
projeções que sonhos dos homens copiam
(ou arquitetam, se ladinos ou virtuoses).

Aos pátios dos precipícios mais rentes à borda
dos brancos abismos prenhes
de sais circulares ( e ostentosos)
que escoltam a vertigem.

Aos pátios terapêuticos dos hospícios
e de hospitais municipais (que rimem com descaso 
ou cosidos de negligências operosas).

Aos pátios elegantes, votivos, solitários
redondos, quadrados ou retangulares dos claustros
nichos de pedra a céu aberto onde o tempo dorme
entre preces e gritos gregorianos.

Pátios também são locais onde os gestos
das assembleias estrugem
onde vaias, uivos, palmas, latidos
cães e cavalos populares, aplauso estridindo
rede de protestos, cave de impropérios
ecos histéricos, sons de decepção (política) 
e ira (social) acampam
reúnem-se os uníssonos e os contrários reúnem-se
onde massas vivas soam, enchem, pungem, habitam.

Quando brancos e fecundos de silêncio ósseo
são de conventos e os sais das matinas comovem.

De nua solidão são os pátios (ínvios e inóspitos)
da alma. Quase desabitados, escuros, calados.

Todos os outros pátios são espanhóis.

a Murilo Mendes

 

Murilo Gun

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