César Leal
“Mas em Vital Corrêa de Araújo é preciso estar atento a outros temas fundamentais da teoria do poema.
Seu universo poético é polivalente e exige observações que cheguem além dos limites dos ciclos vitais e da própria técnica do verso. Nele é preciso estar atento ao poder criador de imagens. Isso é fundamental, porque sem imagens não pode existir verdadeira poesia. Há muitos sistemas de imagens, eficazes e engenhosos, para a investigação do poema. Onde se encontra a poesia? Com certeza não é na confissão romântica como muitos imaginam. As sete imagens acronísticas (imagens que se pode utilizar em qualquer época) fornecem ao analista literário excelente equipamento para a compreensão da poesia de Vital Corrêa de Araújo. A imagem intensificadora, tão usada na Idade Média e que deu tanta força à Commedia, de Dante, é uma dessas figuras que dão energia incomum a este livro de Vital Corrêa de Araújo: Coração de Areia. “Coração de Mulher” é todo ele uma dessas imagens visuais, característica da metáfora intensificadora.
Sopra sobre ele uma suave brisa stilnovista que tem sido identificada como um signo de beleza em qualquer época onde faça sua aparição em um poema. São milagres de expressão as imagens em série que aparecem no poema. “Ao Coração dos Crédulos”. Fico aqui, não sem lembrar ao leitor que há na poesia de Vital Corrêa de Araújo um componente intelectual que o afasta do versificator e o transforma em legítimo poeta. Esse componente intelectual é invisível e só pode ser observado sob a luz da sensibilidade e do intelecto”.
Publicado no livro Entre o Leão e o Tigre
editora Massangana