Mãos sepultas como portos
entre mares de porcas pérolas
ânsias afagando-se
Mãos sepultas como portos
entre mares de porcas pérolas
ânsias afagando-se
Onde se cruzam cinzas começa
o drama ingente da vida. Como o nada termina.
Se vives à imagem do verbo, és.
De que sopro, de que FIAT Deus faz-se?
De fragmentos do fogo roubado veio o homem.
Cavalos frios atropelam o inverno.
De pão e vinho vivem os anjos
do céu barris ocupam a mesa de Deus
lotam as dispensas mais altas.
Não me entendam, por favor.
Se não me entedio.
Meus poemas não são pour épater... e nada mais.
Creio no papiro e no escuro (sou poeta)
fluxo de lágrima movediça do pranto
lírico (e irremediável) não aceito.
“Pelo eco da tarde e baixinho
soam nos juncos flautas do outono
sombras de bosques vermelhos ressoam
O semblante líquido ou não resta.
num retrato esquecido na distância
teu rosto antigo está espalhado na sala
Pelo Orco abisso se esgueiram
sombras e sombras de sombras
as pobres sombras dos homens.
Velório não precisa ser belo
basta ser triste
(embora a beleza do fúnebre