Essa mania, essa anelo artificial de perfeição formal externa, essa arte de relojoaria verbal e ourivesaria rímica, essa performance métrica, esse lavor versificatório todo,
A MODERNIDADE MATA TANTO QUANTO A MONOTONIA
A modernidade do imenso me cansa
a monotonia do cansaço é imensa
a calmaria da água contamina a alma
COROS
Coros de nostalgia
cria nas cigarras o crepúsculo
com lençóis e remédios
REVEILLON (2014)
a Rimbaudelaire e Mariohélio
Como resistir
no ventre desse milênio pando
ROXA PÁLPEBRA
Com a matéria da insônia teço
relâmpagos de leite na lenta horta
do impreciso cais onde olhos naufragam
TRÊS POEMAS DE HERÓI
DURA HABILIDADE DO HERÓI
O herói dura o tempo da queda
e persistiria se a hora
ATO
Ergo dos dólmãs axtomas de pedra
rótulas do céu, menires aéreos, rastro de galáxias
meniscos de palavras, tíbia de verbos.
SILÊNCIO AMANHECE
Silêncios escuros onde
sol de escaravelhos se esgueira
e descobre incêndios de grito
(TAÇA OU POÇO DE PRÍNCIPE)
Taça ou poço de príncipe
onde cânticos bailam
da água náufraga
DITAME
Dito ao mundo
o dia de meu fêmur
o sexo de meu ombro