Os lábios espessos do outono
perdem o viço
acrisolam o corpo
Os lábios espessos do outono
perdem o viço
acrisolam o corpo
Observo o torso das minúcias
seus ângulos mais obtusos e escorreitos
as anáguas de seus dados mínimos
Manam fontes do meu desejo
ante a desordem dos círios enlouquecidos
de funéreas brasas mortas
Grito de pedra, unguento
de aço e musgo: como o gozo.
Pedra, grito, muro, uivo
à noite material da alma
à noite primal da poesia
Indizível felicidade me traz a noite do Retiro.
Quanto crueldade leva a luz
a iluminar a morte
declará-la como estipêndio
Onde se cruzam cinzas começa
o drama ingente da vida. Como o nada termina.
Se vives à imagem do verbo, és.
À vida do espírito
tão pobre, se proba ou não
tão menos nobre mas aberta
Do mesmo ângulo branco
de igual sacada
(do mesmo impropério o tropo torpe)
Ressurreição do verbo. A essência verbal do ser.
Começo meu canto ermo e único
do ombro da madrugada de domingo para segunda, ergo