a Alberto da Cunha Melo
Brotam gritos da boca
da garganta abrem-se sílabas
símbolos exumam o coração
a Alberto da Cunha Melo
Brotam gritos da boca
da garganta abrem-se sílabas
símbolos exumam o coração
Pulo e aligeiro a dor
com estames feridos
e lembranças de sangue opacas
percorro a linhagem da baunilha
Água, ar, ápeiron, pássaro
noumenon, pedra, fogo, nous, número
o que compõe o íntimo (que foro vige)
Do limiar de pássaro projeto
meu vou ao Averno
minha lídima vinda do rosto acordo
Ângulos noturnos escavo
do barro dos fragmentos
com esquadros de tempestades
Os buracos cavalos de Poseidon
corcéis de espumas edimiranos
das haras das nuvens disparados
Sino de repente, pêndulo nu e crédulo
a balada o revérbero
som que salta e volta da alma
Observo o torso das minúcias
seus ângulos mais obtusos e escorreitos
as anáguas de seus dados mínimos
Chinelos arrastando pó de fantasma
pelos intranquilos assoalhos da velha casa
orvalhos de abismo contemplando rente
Vazio urra
silêncio empilha o pleno.