Quarenta anos nos separam de um tempo em que os signos dominantes eram os BEATLES, o hard rock, o punk, a tribo gótica e alguma música calhorda de cotovelo, numa feijoada dourada que, além de chacoalhar nossas almas, endureceu o corpo que anos 50 fragilizaram, com o conservadorismo típico do após-guerra.
A YOLANDA QUE AMA O AMOR
Yolanda Cavalcanti, como a chamou Vital Corrêa de Araújo, é a Paladina do amor.
Sem amor a vida é erma.
ANTE
Ante a 13º folha branca chego
ao amparo de um cubano charuto (cinza)
e 12 doses da metálica vodka danzka (líquido).
AO LOUCO E SUBLIME HOLDERLIN
A louca largueza da noite me contempla.
O noturno em mim saboreia o verbo.
Ao culto nunca diurno me devoto, vivo.
AO BOM ALVITRE DO POENTE
Do páramo donde me despeço da tarde
avisto todo o ocaso, suas nostalgias
e trêmulas cores debulham como milhos
MÁ MÚSICA
Deus seria feito de monoaminas
é o que conclui cientista ianque meio ímpio.
A má música cria catarata no ouvido.
IRRESSURREIÇÃO
Há uma insurreição em mim
de antigos e devolutos textos
não das terze rime, mas versos libres.
FLUXO NOTURNO DE INCONSCIÊNCIA SEM ALMA 3
Poemas através da noite
(Sinfonia verbal para partituras de sal)
ERA UM QUARTO EM LISBOA AINDA EM NOVEMBRO E CHOVIA
Acordei quando o quarto anjo vomitou
em meu rosto esquerdo exalando
biles apocalíptica em meu tétrico leito
DE VENENOS
A alba é venenosa. Ofídica, nada pressurosa.
E como rosa se vai
como rosto corrompe-se