Um crepúsculo meio imáculo
pendurado numa a tarde cansada
de dentro do poema noturno.
Um crepúsculo meio imáculo
pendurado numa a tarde cansada
de dentro do poema noturno.
Aprendi a passar fome pela poesia.
Sede, jamais. Viva a Vodka
finlandesa, ébria como a poesia.
A poesia independe de linguagem pública.
Vez que não é oficial. E ela vela o íntimo.
Do ser e do sendo.
À sombra de dezembros
quase não nasce ontem
a corda umbilical pendeu
Soluto fogo em água avulta
dissolvido em chama saúda a cinza
cautério do ser, elemento do sim
que vem da febre que vai à dor
Até que o tempo
martele as têmporas do poeta
e o arranque da página
Abandone, amiga, cara Mússia tão in-
trigada consigo mesma, abandone, dura
leitora, seguidora inaplicável, os escrú-
pulos cronológicos, as idades do simulacro
Amor cala. Não amordaça.
Luz invisível e silenciosa contenta.
Da ardente iluminação do silêncio
Poeta é o que vai direto ao encontro da
amargura e povoa de coisas nobres mas
frias o ardente desencanto do leitor.
Escrevo para êxtase de toda vacuidade.
As grandes erosões não são superficiais.
São profundas como o arado descortinando a terra.