Vital Corrêa de Araújo 

          Viver é olhar uma flor. Com êxtase. E suficiente ardor. Viver para contemplar o néctar (que alimenta o pássaro e a alma).

 Não quero sombra nem domo

nem os gânglios dos centuriões romanos

busco íngreme aprumo

             A resultante da filosofia americana do século XX, a vertente pragmatista, que privilegia o senso comum, a vida prática, a ação técnica, marcada pela reflexão sobre o poder das crenças, da fé, e pela vontade de elaborar e estimular hábitos de racionalidade, voltada a ancorar e desenvolver e fortalecer a conduta das novas elites na direção de novas e concretas verdades capitalizáveis.

                É isenta de forma (fixa), é metamorfose ou disforme, tem a forma por vir, é protêutica (como Proteu, adquire forma que lhe sirva). Renuncia ou desdenha dos princípios que norteiam a poesia bem comportada do superego.

Passam esperanças como baronesas

na roda lenta da enchente

como nomes cravados nas lápides urgentes

   Marcondes Torres Calazans

 Certo dia na Grécia Antiga, numa certa rua de Atenas, o filosofo Diógenes foi flagrado por seus conterrâneos atônitos com o que viam, o citado pensador com uma lanterna acesa em plena luz do dia, o que os levou a exclamar: "o que busca o velho Diógenes!

 Para além de tênue sepultura voa

sopro que ao morto abandona

e feito pássaro assoma a cimos lentos

             Nunca me imaginei poeta, até os 25 anos. Era um técnico, burocrata fazendário (como o fora meu pai – Cláudio Corrêa de Araújo, carreira que empolgou a mim e a meu irmão Pedro Cavalcanti de Albuquerque) e,

 Dou pó à gravata

e me sinto muito alto 

de cima a baixo mijo