À escura morada, ímpia casa, lar extremo
dos pobres pecadores não entram
preces para desesperados
À escura morada, ímpia casa, lar extremo
dos pobres pecadores não entram
preces para desesperados
Creio no papiro e no escuro (sou poeta)
fluxo de lágrima movediça do pranto
lírico (e irremediável) não aceito.
A uretra dos monges é tranquila
o avanço da úlcera severo
Atônito o futuro dos condomínios de luxo
Levante: pódio donde luz do sal
com arco crepuscular dardos atira no azar
e insípido rosnar de brilho
em procissões flutuantes
pomposo cerimonial
Como lume e sal olhar sega a pele
retalha sol navalha a fio
manhã seivando ainda o arredor
(Confissões do poeta)
A soliloquiar voo, pássaro sutil
de canto inclinado ao levante
Choviam cântaros de partituras
grossas de estrelas anãs
e razias de rãs se se alastravam
(aos filhos Cláudio Netto e Murillo Gun)
Sete poemas para o neto (ainda no útero do futuro)
longe da dor do real, da angústia viva
(A lâmpada de Holderlin desnuda
a lauda
o revólver de Breton rende
o poema)