Árido vão do espírito
gota de sangue em visceral
cela de ávido cristal
Árido vão do espírito
gota de sangue em visceral
cela de ávido cristal
Céu aquoso exército
do acaso cria
com estanho da tarde
preso à geografia.
O vinho da palavra chama-se metáfora
Sua embriaguês poesia.
Messe do abismo obtenho
das colheitas noturnas
(e do britânico fruto da treva)
À escura morada, ímpia casa, lar extremo
dos pobres pecadores não entram
preces para desesperados
A deuses tintos
habitantes dos céus dos tonéis.
Ao barqueiro Caronte e alfandegário banqueiro de óbolos sublinguais
moeda sombria que ele extraía
da boca não mais úmida dos mortos
como dente, passaporte, pagamento
O vinho da tâmara chama-se lagmy
e foi uma taça de lagmy que um pastor cabila
a Gide ofereceu nos belos jardins de Uardi.
SILÊNCIO QUE É O CEREAL DA ALMA
PAIOL LOTADO DE INTEIRA SOLIDÃO
DA LENTA JANELA DE QUE ME DEBRUÇO
LUGAR DESTE POEMA
Se o pensamento (poema) fosse uma substância consciente
mantida no interior de si mesma (imanente).
Se o sujeito (leitor) fosse uma substância estranha