Preciso (é) demolir
toda decoração
com que o sentimentalismo infame
Preciso (é) demolir
toda decoração
com que o sentimentalismo infame
Lastro espúrio, estalão desmoronando
como areia desenraizada
tolo ouro olho da quilha avara
de um diamante marinho
Luzes se alvoroçam contra céus escampos
ângulos de vidro e transparentes épuras
submetem o espírito à tortura lúcida.
Vital tem o propósito (irrecusável) corrosivo
deliberado, mesmo apodítico, ou torturante
de obrigar a palavra (no poema) a
Ângelus azuis de Mallarmé
lilases escuros de Cruz e Souza
olhos
Sol incendeia lavados
a lua se suicida na pia
lunar sangue enluará a vida salgada
descomedida. E a poesia invade as veias
da palavra (e o cio do verbo poeta alucina).
Eu me batismo prata poeta exacerba
também acerbo (e siderante e preciso
como meu verso impontual).
Espessa alma
qual lama expressa
o corpo da palavra.
Ao silêncio do sal.
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Vital violenta o verbo. Manipula a palavra a seu bel
prazer. Estupra a pobre gramática. Infelicita a sintaxe.
É um marginal. Usa a coitada (vítima vital) da
Inscrições se precipitam
do rosto das runas hínicas.
Corte rotundo
da árvore de veia desprende-se
folha cortante de navalha
narval estocada súbita
A nave da lua singrava
céu francês
estava ébria com Rimbaud bebendo
das palavras licor áureo alquímico extrato