Nichos de górgonas azuis lua esquadrinha
crateras enlodadas ainda lábio escaninha
apetrechos de lustres civis prosperam
Nichos de górgonas azuis lua esquadrinha
crateras enlodadas ainda lábio escaninha
apetrechos de lustres civis prosperam
Na profana ágora, adro castanho
praça em que poreja multidão
a um crucifixo de metal fidelizada
Sobra invectiva, injúria sobra
restam áridas perorações
impropérios restam
sobrevivem anátemas
Vital Corrêa de Araújo
Viver é olhar uma flor. Com êxtase. E suficiente ardor. Viver para contemplar o néctar (que alimenta o pássaro e a alma).
Búzios etruscos, basiliscos de trigo
fuzis hebraicos encontram postigos.
Do ancoradoiro seio
a Edgard, à tarde, a ébrios
Ébrios amam bares, neles
sede imortal derramam
Vital Corrêa de Araújo
Avós, a morte os levou. Resta-nos não ser lavados (no IML ou num hospital, caro e imoral). Precisamos saber. Viver.
Vendedores do templo
que Jesus os despeje.
Dos portais estuprados
Em poesia
se V. não deforma, copia.
E arte não é cópia (desde a mimese peripatética).
Arte da palavra é inovação
As amarrras eram de aço novo
(e o verbo ser não mentia)
cadafalsos perfilhavam-se orgulhosos