A imprecisão vital do verbo

(pois seu barro é leve e (in)delével

usina de mais de sete vitais ambiguidades

é cruel porém crucial.

   Estandartes abatidos (pálidos)

vencidos baluartes (no chão estendidos)

cenas pontiagudas, muralhas em pó

Pertenço ao sal, sou da linhagem da terra

ossos, ombros, fêmures do espírito, proteínas do futuro

doarei à terra quando morte navegar meus olhos tímidos

quando sobre meu rosto sombra sepultar-se

O império da forma poética é tanto mais

transitório quanto sua fragilidade ante os debácles

que representem (ou espreitem) os avanços do pensamento (não da

Poema cavalga ar marítimo

galope das espumas face de Deus

 ondas parecem escamas brancas

de peixes enovelados em pálido brilho de estrelas

 Quando violões morreram

meus olhos foram para o rumor

o enterro da música foi um traste

antenas da raça deliquesceram

“De aromas do nardo o ar assombra”

                                                               Saramago

 Que se faça novo fiat

seu revérbero sublevado.

Cio de Penélope mortal para Ulisses

que se distancia de Ítaca

fruto e tugúrio natal

quanto mais singra sem rumo

Pequenas auroras teus olhos

neles vagam cisnes lentos

e lagos de aziagos azuis e profanos

deles luas nascentes gemas noturnas